segunda-feira, 29 de abril de 2013

Diário de Bordo: O Outro Lado da História



Semana passada, a revista Veja separou algumas páginas de sua edição para falar de John Green, eu acabei dando um jeitinho de ler a reportagem, eu li somente A Culpa é das Estrelas do autor, mas foi o suficiente para me fazer enxergar o mundo de outra forma, esse autor tem todo o meu respeito, isso sem falar do quanto ele é demais, seja no VlogBrothers ou escrevendo seus livros, e os nerdfighters não ficam para trás, eles conseguiram fazer a blogosfera se virar para John Green durante uma semana inteira para o especial #TeoremaJohnGreen.


Durante a reportagem, John Green expressou sua opinião em relação ao termo sick lit, o que me deixou pensando sobre o assunto. De uns tempos pra cá, algumas pessoas vem denominando algumas obras que retratam algum tipo de doença, depressão, bullying, drogas, morte, distúrbios alimentares ou suicídio com o termo sick lit, ou seja, literatura de doença. Em janeiro, o jornal DailyMail e o The Guardian publicaram artigos que geraram uma repercussão no mundo dos leitores e blogs literários. Eles colocaram em pauta um questionamento a respeito do que a juventude de hoje lê, e destacaram que o termo sick lit, em minha opinião bastante pejorativo, vem se popularizando muito entre eles, e que de certa forma não era recomendado por incentivar seus leitores, mas a questão continua no ar: Como esse tipo de livro nos afeta?


Eu não concordei com o que foi dito pelos dois jornais, principalmente depois que eu li uma matéria no O Globo, fiquei muito feliz em ler uma opinião brasileira sobre o assunto. Os livros têm a capacidade de te fazer refletir sobre determinados assuntos, um livro de ficção ou fantasia aguça sua imaginação, te leva para outros lugares e cria mundos que pertencem somente a ti, mas ainda há aqueles autores que tem coragem suficiente para colocar no papel a realidade do mundo, seja ela qual for, eles não têm medo de expressar seus sentimentos e opiniões, eles mostram e colocam em nossas mãos temas que antigamente e até hoje as pessoas evitam discutir.


Eu me deparei com algumas pessoas que julgaram esses livros realistas como uma literatura doentia, capaz de levar a juventude a agir da mesma forma, eu de forma alguma concordo com tais argumentos, em minha opinião, uma pessoa tem o direito de ler aquilo que julgar adequado para si, não existe faixa etária nos livros, as pessoas têm a liberdade e o direito de escolher a que mundo quer pertencer.


Esse tipo de livro não desenvolve pensamentos ou ideias ruins nas pessoas que os leem, muito pelo contrário, eu acho que eles são capazes de abrir os olhos da sociedade para temas tão importantes, temas que poucos enxergam, o mundo não é um lugar perfeito, o mundo é repleto de problemas reais, de situações que podem ocorrer com qualquer um de nós, esses livros podem mostrar para seus leitores uma solução para esses problemas.


Esses livros tem a capacidade de me fazer enxergar tudo por um ângulo diferente, eu aprendi muito com eles, podem até serem livros fortes, mas eles são reais, eu sei que situações assim acontecem todos os dias, em qualquer lugar, com qualquer pessoa, esses livros nos fazem refletir sobre tudo que acontece ao nosso redor. Eu recomendo, sim, mas tenha a certeza de que suas histórias não são simples de serem lidas, eu fui tomada por sentimentos singulares, me derramei em lágrimas e senti a dor dos personagens, como sentiria com qualquer outro livro, porém, há uma diferença, eu sabia que uma história assim poderia ser real.


John Green disse o seguinte durante a entrevista publicada na revista Veja em relação ao livro A Culpa é das Estrelas e o termo sick lit: “Eu não quis retratar a doença como sendo transcendente, nem passar a mensagem de que ela nos ensina a sermos gratos por cada dia – nenhuma besteira dessas. Apenas tentei escrever uma história honesta sobre o câncer.” Para mim, os livros que abordam esse tipo de tema têm muito mais a oferecer do que as pessoas enxergam, o termo sick lit não é capaz de descrever a grandeza dessas histórias, há mais ali, a história de Hazel e Gus fez muitas pessoas chorarem e nem que por um minuto sentirem amor por aqueles personagens, aquela história era bem maior que o câncer.

Larissa Mirandah

4 comentários:

  1. Concordo plenamente com você.

    A sociedade está tão preocupada em passar essa imagem falsa de mundo perfeito, que tudo o que é contra, tudo que retrata a realidade, é visto como taboo e tratado de forma pejorativa - acho que foi assim que surgiu o tal termo.

    A verdade é que são livros fortes, e não são pra qualquer um mesmo, justamente porque não vão agradar essas pessoas que acham que a vida é Disney e se recusam a enxergar o que acontece de verdade.

    Concordo com você que são livros que ensinam, que nos ajudam a ver e entender mais o mundo e as pessoas. E são para as pessoas que passam por isso também, as pessoas gostam de saber que não são as únicas no mundo, e os livros ajudam muito nesse quesito de superação. Eu sofria de bulimia e nunca me enxerguei tão bem quanto depois que li Garotas de Vidro.

    Enfim, escrevi um texto, mas era só pra dizer mesmo que concordo muito com tudo o que você disse. ;)

    Beijitos

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    1. Adorei ler seu comentário Gabi, que bom que eu consegui transmitir a ideia correta. É como você disse, a vida não é como os filmes da Disney, que sempre tem aquele final feliz maravilhoso, as vezes essa realidade pode estar bem ao nosso lado e esse receio de enxergar a realidade nos impede de ver aquilo que é necessário. Eu já vi tantas pessoas falando super bem de Garotas de Vidro, acho que quando um livro consegue mudar uma pessoa ou fazê-la enxergar o mundo de outra forma é algo incrível, esse tipo de gênero salva mais vidas do que a sociedade imagina, enfim, fiquei muito feliz em poder discutir isso com alguém, e que bom que um livro conseguiu mudar a forma de se enxergar.

      Beijinhos Gabi

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  2. Eu achei uma sacanagem darem o nome de sick lit a esse tipo de livro, até porque, são apenas histórias com doenças, mas qual livro de drama não retrata alguma doença? Eu não acho bacana essa ideia. Acho que qualquer livro faz qualquer pessoa pensar, seja na vida, seja no momento, seja na situação a qual está vivendo... Qualquer livro faz isso. E não acho que um livro como o do John Green faça os adolescentes quererem agir por este lado. Eles não querem ser iguais, querem apenas ser melhores... E querer ser melhor é normal.
    Claro que existem alguns casos que não quero nem comentar, mas tudo cabe à família saber contornar a situação com algo bom e bonito.
    Beijos.

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    1. Concordo com você Babi, por que dar esse nome aos livros? Não faz sentido, sequer há argumentos pra justificar, eu acredito que tudo muda dependendo da forma como as pessoas enxergam, elas precisam ver que o mundo não é cor de rosa e que esses problemas podem sim acontecer com qualquer um, quando menos esperamos, enfim, esse é um tema denso e extenso, eu só queria mostrar que lado eu estou defendo, é sempre bom conhecer a opinião de outras pessoas.

      Beijos

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