No colégio,
passamos quase o mês inteiro analisando o conto “Felicidade Clandestina” da
Clarice Lispector, mas algo que muito me intrigou foi o título do conto e a
relação do mesmo com a história.
Eu vejo o
significado de clandestino como algo proibido, que não deveria acontecer ou
existir, portanto a felicidade clandestina é uma espécie de felicidade
proibida, mas o que eu não havia percebido era que os meus sentimentos, as
emoções que eu sinto por um livro, uma história ou um personagem são quase
clandestinos.
Chega a ser
clichê eu dizer essa frase, mas como eu amo clichês: Os livros despertam em mim
emoções que eu jamais imaginava ser capaz de sentir, emoções singulares que
tomam posse de cada pedacinho de mim, lágrimas, gargalhadas, dor, ódio,
tristeza, raiva, angústia, ansiedade, desespero, sorrisos bobos, curiosidade,
amor, paixão, e até mesmo admiração.
Um livro
representa inúmeras possibilidades: Existe a possibilidade de você se apaixonar
por um personagem, de você odiar a protagonista enjoadinha, de ficar
deslumbrado com os cenários e paisagens, existe a possibilidade de você roer as
unhas de ansiedade, de ficar desesperada quando o final é imprevisível, de dar
boas gargalhadas com aquele personagem sarcástico, e querer arremessar o livro
longe por culpa de outros, mas existe também a possibilidade de você se
apaixonar pelo livro e não querer largar, de você chorar muito nas cenas de
cortar o coração e se sentir órfão quando o livro termina.
Um livro é um
mundo diferente, um mundo de histórias e sentimentos, começar a ler um livro é
como mergulhar em um redemoinho de emoções, você nunca tem ideia do que vai
acontecer dentro das páginas, é como entrar em uma floresta escura e não saber
onde está pisando.
Alguns dias
atrás eu comecei a leitura de um livro que eu esperei ansiosamente, eu estava
com medo, pois eu sabia que ele iria mexer muito comigo, e eu estava certa, me
apeguei tanto ao livro que quando me lembro da história eu sinto um aperto
no coração, uma angústia, uma solidão, e uma imensa saudade, é um sentimento
que me deixa sem palavras.
O que eu quero
dizer é que os livros são incríveis, eles nos proporcionam momentos que não
podemos desfrutar no mundo real, e a única fonte da dor é essa, não podermos
carregar todas as histórias dos livros para o nosso mundo. Eu gosto de viver na
ilusão de que tudo é real, e é, eu tenho a certeza de que é, ao menos é o que
meu coração gosta de dizer.
Uma vez uma
amiga perguntou por que eu lia os livros já que eu sabia que iria chorar, me
emocionar e me apegar tanto a história, no momento eu não soube o que
responder, mas depois eu entendi: Eu leio livros porque eu preciso de cada
emoção que há naquelas páginas, eu preciso de cada história, sentimento,
lágrima ou sorriso, eles são uma espécie de sentimento clandestino, algo
proibido, mas eu escolhi senti-los, eles fazem parte do meu mundo.
Larissa Mirandah
Nenhum comentário:
Postar um comentário