quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A Menina que Roubava Livros - Marcus Zusak

Título: A Menina que Roubava Livros
Título Original: The Book Thief
Autor: Marcus Zusak
Tradução: Vera Ribeiro
Editora: Intrínseca
Ano: 2010
Páginas: 494
Sinopse:
"Entre 1939 e 1943, Liesel Meminger encontrou a Morte três vezes. E saiu suficientemente viva das três ocasiões para que a própria, de tão impressionada, decidisse nos contar sua história, em "A Menina que Roubava Livros", livro há mais de um ano na lista dos mais vendidos do "The New York Times".
Desde o início da vida de Liesel na rua Himmel, numa área pobre de Molching, cidade desenxabida próxima a Munique, ela precisou achar formas de se convencer do sentido da sua existência. Horas depois de ver seu irmão morrer no colo da mãe, a menina foi largada para sempre aos cuidados de Hans e Rosa Hubermann, um pintor desempregado e uma dona de casa rabugenta. 
[...] Há outros personagens fundamentais na história de Liesel, como Rudy Steiner, seu melhor amigo e o namorado que ela nunca teve, ou a mulher do prefeito, sua melhor amiga que ela demorou a perceber como tal. Mas só quem está ao seu lado sempre e testemunha a dor e a poesia da época em que Liesel Meminger teve sua vida salva diariamente pelas palavras, é a nossa narradora. Um dia todos irão conhece-la. Mas ter a sua história contada por ela é para poucos. Tem que valer a pena."

[Sinopse retirada do site da Livraria Saraiva]

Algumas resenhas atrás eu havia criado um padrão na hora de escrever as resenhas, uma introdução, um breve resumo sem spoilers, e depois eu destacava a narrativa do autor, os personagens, mostrava os lados negativos e deixava bem claro os positivos, e por último, escrevia minhas considerações finais, entretanto, ao sentar para escrever essa resenha, eu percebo que não existe um padrão onde esse livro possa ser encaixado, não existe uma palavra para defini-lo, não existe, e eu vou deixar vocês avisados: não se deixem ser enganados pelas minhas palavras, nada que eu disser aqui sequer poderá ser comparado a obra impecável que esse livro é, apenas.

Liesel vive em plena Alemanha nazista, depois de ver seu irmão morrer no colo da mãe, e depois ser abandonada por ela, a garota é entregue para uma nova família, Hans e Rosa Hubermann, porém, o ponto onde nossa história realmente se inicia é o momento em que Liesel rouba seu primeiro livro, "O Manual do Coveiro", depois disso, toda a história de nossa pequena garota poderá mudar.

Desde sempre eu vejo elogios numerosos dirigidos a esse livro, e sempre disse que queria lê-lo, até que surgiu a oportunidade, e eu embarquei nessa história totalmente desconhecida para mim, eu não havia lido uma resenha, e nem mesmo a sinopse eu conhecia, e eu apenas me surpreendi. Antes de tudo, eu preciso dizer que esse livro é singular em todos os ângulos possíveis e impossíveis, o autor criou uma história que te faz ir do céu ao inferno na mesma frase, ele soube colidir todos os sentimentos humanos em apenas alguns e fez com que eu ficasse desarmada, esperando por um final que não estaria presente naquela história, eu esperava um céu calmo, e o Zusak me ofereceu uma tempestade.

Se há algo nessa história que merece destaque é nossa narradora: a Morte. No começo eu estranhei um pouco a forma como ela narra, mas depois eu comecei a me apaixonar e achar tudo diferente, bonito, poético e doloroso, sim, muito doloroso. Ela não poupa tempo, no mesmo instante em que ela está narrando uma cena com um personagem qualquer, ela já logo nos diz se ele irá morrer, então você passa todo o livro esperando que não seja verdade. A Morte narra o livro de forma ágil, sagaz e ao mesmo tempo dosando as palavras. Você não consegue odiá-la, mesmo sabendo quem ela é, a Morte tem um sentimento muito forte por nós, humanos, ela não sente prazer em fazer o que faz, e muitas vezes você será pego sentindo amor por essa personagem exótica, pois ela é sábia e vê o mundo como nenhum de nós é capaz de ver.

Não me julguem, mas pelas aulas de História que eu já tive sobre a Alemanha nazista, eu formulei o pensamento de que todos os alemães eram nazistas, todos odiavam seres humanos "inferiores", todos eles concordavam com a política de Hitler, e o que eu aprendi nessa leitura é algo que contradiz tudo que eu pensava sobre o assunto, algo que me fez mudar de opinião. Muitos alemães não estavam contentes com a situação da Alemanha, muitos deles eram contra a forma de governo de Hitler, eles também sofriam, não tanto quanto os judeus, mas sofriam, e mesmo que a vontade de agir fosse maior, mesmo que o desejo de ser diferente dos nazistas fosse grande, essas pessoas eram reprimidas, e sofriam castigos por tentarem fugir da política do Führer, essa era a realidade.

Os personagens criados por Zusak são lindamente apaixonantes, eu me apaixonei da mãe rabugenta da Liesel, até o judeu escondido, entretanto, meus olhares são todos de Liesel, Rudy e Hans. Você não consegue detestar nenhum, você dá risada com aqueles mais atrevidos, como o Rudy, se emociona com as atitudes de um pai que ama sua filha, Hans, e se apaixona perdidamente por uma menina que roubava livros que tinha uma visão distinta do mundo. Os personagens desse livro são tão reais quanto possível, e talvez esse seja o motivo do sofrimento.

Enfim, eu disse inúmeras coisas sobre o livro, e estou sentindo que não consegui passar um terço do meu carinho por essa história, eu posso ter começado o livro receosa, posso ter demorado para concluir a leitura, mas se há algo que jamais irei esquecer foram as lições que essa história deixou, e uma delas é que livros salvam vidas, eles são capazes de fazer isso, as palavras tem esse poder. Eu acredito que cada lágrima que eu derramei nas últimas páginas desse livro foi verdadeira, eu senti cada pontinha de tristeza que tomou conta de mim, cada pinguinho de dor que a nossa pequena Liesel sentiu, eu também senti, porque é isso que os livros fazem: despertam nossas emoções. Lembrem-se disso sempre, e mais uma coisa:

"Quando a Morte conta uma história, você deve parar para ler." 

Larissa Mirandah

2 comentários:

  1. Oie Lari
    Poxa, me senti até mal por ter abandonado o livro ainda no começo rs
    Mas faz tanto tempo, e nem me lembro de nada, só sei que não estava com cabeça para ler um livro denso, e que merece ser apreciado com calma.
    Agora que já me familiarizo com a escrita do Zusak, certamente irei apreciar a leitura desse livro, e quero ler logo antes do filme.
    Adorei sua resenha. Você me convenceu totalmente de que será uma leitura muito proveitosa.
    bjos

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    1. Não creio que você abandonou rs
      Leia Jacque, é sério, esse livro deveria ser leitura obrigatória em todo e qualquer lugar, o Zusak trata os temas densos da 2° Guerra Mundial com uma leveza que me deixou atordoada, ele praticamente dá uns tapas na sua cara sem precisar apelar para cenas fortes, algumas narrações da própria Morte fazem você parar, fechar o livro, respirar um pouco, para só depois voltar a ler, eu não esperava me sentir assim, mas quando eu cheguei no final, depois de quase um mês tentando terminar o livro, eu percebi que não adiantava querer devorar o livro, ele precisa ser sentido, cada frase precisa ser digerida por vocês, vale a pena, mas se prepare para ver o Zusak acabar com seu coração sem piedade alguma haha
      Que bom que gostou Jacque, leia mesmo, eu adoraria ler uma resenha do livro escrita por você rs
      Beijos

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