segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Diário de Bordo: Fazendo a diferença...


Você nunca pensa muito na diferença que você faz na vida das pessoas, eu nunca parei para analisar isso, mas vou tentar explicar. Eu sou uma pessoa ciumenta, odeio emprestar meus queridos livros, toda vez que decido emprestar algum deles, eu entrego o livro com o coração nas mãos e praticamente ordenando nas entrelinhas que a pessoa o devolva o mais rápido possível e em perfeito estado. Pode até parecer meio egoísta, mas nós sabemos que ninguém sabe cuidar de nossos livros como nós mesmos, por isso, o medo invade, e ao mesmo tempo que queremos disseminar pelos quatro cantos do mundo o quanto tal livro é bom, a angústia de emprestar um livro é gigantesca, entretanto, as vezes você precisa esquecer essa atitude. 

Há poucos meses, eu decidi emprestar alguns dos meus livros, apenas para as pessoas que confio e sei que irão cuidar dos meus bebês, e sabe aquela sensação maravilhosa quando a pessoa aparece com aquele sorriso enorme no rosto dizendo que amou o livro? Quando alguém te liga no meio da madrugada apenas para contar que chorou horrores com a história? Quando ela conta que pagou muitos micos no curso rindo disparadamente da personagem? Quando alguém te abraça com os olhos brilhando e dizendo que está apaixonada por tudo que leu?  Ou quando a pessoa vira para você e diz que está lendo uma página por dia para que o livro não acabe depressa? Isso tudo não tem preço.

Que leitor nunca sentiu uma vontade absurda de sair gritando para qualquer um ouvir que aquele livro é dolorosamente perfeito? Eu sempre sinto isso, e poder conversar com alguém que sente o mesmo é sempre incrível, vocês discutem, debatem, tem ataques histéricos por motivos de tal personagem, e choram abraçados graças a morte de outro, as vezes, só de olhar nos olhos da pessoa que leu aquele livro você já entende o que ela está passando, porque é um sentimento mútuo, é algo que ultrapassa obstáculos monumentais, a leitura faz isso, e acreditem, ela faz a diferença.

Quando alguém me pede alguma recomendação, meu sorriso se alarga e eu começo a tentar decidir qual dos muitos livros eu recomendaria, sempre ouço com atenção quando alguém vem me contar o que achou do livro, a pessoa sempre me pergunta no final se eu a acho louca por ter se sentido de tal forma, e eu apenas sorrio, porque eu sei o que elas estão sentindo, eu sinto isso, e talvez essa loucura seja uma virtude da leitura.

Hoje eu ouvi o maior elogio que eu poderia ouvir, um amigo me disse que quando as pessoas estão perto de mim, elas sentem uma vontade enorme de crescer, de saber mais, de ler mais, ele disse que eu faço isso com as pessoas, que eu as influencio, muitas vezes indiretamente, a mergulhar nesse mundo vasto e maravilhoso da literatura, que ao me verem com um livro nas mãos, elas também sentem a vontade de estar com um, de saber o que eu estou sentindo, eu fiquei emocionada, não estou me vangloriando de nada, apenas fiquei feliz em saber que, sem querer, eu faço a diferença, uma pequena diferença, mas eu faço.


No fim das contas, eu percebi que o melhor presente que eu posso oferecer nesse mundo para qualquer pessoa são as palavras, na maioria das vezes elas são suficientes, e da mesma forma que podem destruir vidas, elas também podem salvar muitas outras. Ouvir das pessoas que você muda vidas através das palavras é o melhor presente que alguém pode ganhar. Uma vez, meu professor de ensino religioso nos perguntou se, durante toda a nossa vida, tínhamos feito algo que mudou a vida de alguém, bem, agora eu tenho uma resposta...

Larissa Mirandah

2 comentários:

  1. "No fim das contas, eu percebi que o melhor presente que eu posso oferecer nesse mundo para qualquer pessoa são as palavras, na maioria das vezes elas são suficientes, e da mesma forma que podem destruir vidas, elas também podem salvar muitas outras."

    Como comentar algo depois desse último parágrafo do seu texto? Eu tenho essa mesma sensação Lari. É muito complicado pra mim emprestar meus livros, mas sempre que faço isso é de coração aberto, esperando que ele desperte nas outras pessoas as mesmas emoções que me despertam.

    Beijo
    Fernanda - Leitora Incomum

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    1. Fê, como não amar os seus comentários? Me explique mulher! Eu detesto emprestar meus livros, sabe quando você olha aquele espacinho entre os livros e se lembra que um dos seus filhotes está com outra pessoa, em mãos diferentes, dá vontade de trancar todos eles em um cofre e sumir com a chave. Eu emprestei um livro que eu havia amado pra um amigo, quando faltavam uns três capítulos ele se virou pra mim e disse: "Lari, eu não quero terminar, o que eu faço? Eu estou apaixonado por essa leitura!" Eu fiquei radiante, é doloroso emprestar um livro, mas quando essa pessoa diz que amou, é impossível não se sentir orgulhoso, principalmente quando é alguém que não gosta de ler, acho que o preço compensa rs'
      Nem preciso dizer que concordo com você, né?
      Beijocas

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